Diálogo Católico-Jucaico realiza celebração de Sucá no Centro Loyola

“Sucá é um lugar de acolhimento, trocas e diálogo com o outro, que nos leva a perceber a fragilidade da vida, mas também nossa conexão com o divino que nos ampara e conforta”. Com essas palavras a coordenadora do Diálogo Católico Judaico, Ana Grillo Ballasiano, abriu a celebração de Sucot no Centro Loyola. O encontro …

Saberes e Sabores: Diálogo das Luzes – Natal e Chanucá

Data: Quinta-feira, 12 de dezembro de 2019, às 19h30m. Descrição: No último Saberes e Sabores deste ano, teremos uma celebração do Diálogo Católico-Judaico. No encontro, o padre Hortal, SJ, um dos maiores especialistas em diálogo inter-religioso do Brasil, irá falar sobre o Natal e o sentido desta celebração para os cristãos. Em diálogo com ele, …

Diálogo Católico-Judaico: Visita Guiada à Sinagoga

Data: Sexta-feira, 13 de setembro de 2019, das 17h às 20h30. Descrição: Shabat significa dia santificado da semana, conceito enraizado na condição humana. Para os católicos é o domingo. Para os muçulmanos, a sexta-feira. Para os judeus, é o sábado que se inicia como cada dia, ao entardecer, quando aparece a primeira estrela (na sexta-feira) …

Cantata Salmos em Diálogo

Data: Quarta-feira, 21 de agosto de 2019, das 19h às 21h. Descrição: Poesia, música, cânticos. Os Salmos ultrapassam as fronteiras do Judaísmo e tornam-se universais. Cantados em hebraico, latim ou português, os 150 poemas do Livro de Salmos – Tehilim, em hebraico – expressam louvores ao Todo-Poderoso, lamentos, gratidão, exaltação, sentimentos e anseios de toda …

A Virgem Maria entre Cristãos e Muçulmanos

NOVA DATA: De segunda-feira, 21, a quinta-feira, 24 de janeiro de 2019, das 19h às 21h. Ementa: Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que desde o início do movimento dos seguidores de Muḥammad, a figura da Virgem Maria ocupou proeminente lugar na espiritualidade e teologia islâmicas. Os muçulmanos designam a mãe de Jesus como Maryam, …

Saberes e Sabores: As Três Grandes Religiões Monoteístas

Data: 16 de maio de 2018, das 19h às 22h. Descrição: Neste encontro da série Saberes e Sabores vamos falar sobre as convergências existentes entre as três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo. Em tempos de atritos causados pelas diferenças, este encontro pretende apresentar pontos de diálogo entre essas três expressões …

A Virgem no Primeiro Milênio: A Figura da Mãe de Jesus entre Cristãos, Judeus e Muçulmanos

Data: Segunda-feiras, 7, 14, 21 e 28 de março de 2016, das 19h às 21h. Ementa: A figura da mãe de Jesus adquiriu grande importância durante o primeiro milênio da trajetória histórica do cristianismo. Sobre ela foram projetadas uma série de expectativas da comunidade de fé que então desenvolvia suas estruturas mais significativas. Maria foi …

O Profeta do Islã Através de Lentes Ocidentais

Datas: 20 e 27 de outubro / 3 e 10 de novembro de 2015, sempre às terças-feiras, das 19h às 21h. Ementa: Uma das razões dos desencontros mais graves entre muçulmanos e cristãos foi a gradual descoberta por parte do mundo islâmico de uma longa tradição ocidental de desprezo e hostilidade por seu Profeta, tão …

Diálogo Inter-Religioso: Desmistificando o Islã

Uma jovem cristã é violentada e morre com um crucifixo enterrado na garganta. A história circulou na internet como um ato praticado por muçulmanos, mas de acordo com o site E-farsas, no qual os autores dedicam-se a desvendar os boatos que povoam o mundo virtual, a cena chocante é do filme canadense Inner Depravity, de 2005. Mesmo falso, o boato foi compartilhado milhares de vezes e ajudou a denegrir ainda mais a imagem do Islã no mundo ocidental. Associada à violência e ao terror, a religião é cada vez mais alvo de discriminação por parte de quem não conhece os seus preceitos. Para desmistificar essa imagem e promover o diálogo inter-religioso, o Centro Loyola organizou, no dia 7 de março, uma palestra com Sami Armed Isbelle, Diretor do Departamento Educacional da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro.

Logo no início do encontro, Isbelle explicou o que significa Islã e destacou a intenção de corrigir as distorções que nos chegam através da mídia. Segundo ele, o primeiro pilar do islamismo é a crença no Deus único, que não é um deus diferente daquele no qual creem os cristãos ou mesmo os judeus. Allah é a palavra em árabe que designa Deus, da mesma forma que God significa Deus em inglês.

– Os muçulmanos gostam de usar essa palavra em árabe porque ela tem nesta língua uma característica que a gente não encontra em nenhum outro idioma: não aceita gênero, nem número, nem grau. Se eu quiser me referir a deusa ou deuses em árabe, vou usar outras palavras. Allah é o Deus único. Nós acreditamos que ele é o único que sustenta e provem todo esse universo – destacou Isbelle, que explicou ainda sobre a crença dos muçulmanos nos anjos, nos profetas e mensageiros, no juízo final e no decreto divino.

Isbelle também destacou que Jesus Cristo pra os muçulmanos não era o filho de Deus, mas foi um grande profeta e mensageiro, que nasceu através de um milagre, através da Virgem Maria: “Para nós muçulmanos, a Virgem Maria é considerada a mulher mais pura que Deus criou”.

De acordo com Isbelle, a religião para os muçulmanos é um sistema de vida completo, que vai além da relação com Deus e se estende para as práticas diárias. Tudo o que um muçulmano faz que seja lícito é uma forma de adoração, e isso envolve gestos simples, como trabalhar e alimentar-se. A prática muçulmana inclui o testemunho da fé, a oração cinco vezes ao dia, o jejum no mês do Ramadan, a purificação e a peregrinação à Caaba, em Meca. Há ainda para eles a questão do Jihad, que a mídia tem associado às práticas terroristas, mas que, segundo Isbelle, seriam o empenho e esforço que todo muçulmano faz individualmente para agradar a Deus e afastar o que o desagrada (Jihad maior) e o esforço e empenho em relação a terceiros (Jihad menor).

– Toda vez que eu falo em Jihad, estou falando em empenho e esforço. Toda vez que vocês escutam falar em Jihad por aí falam em guerra santa. Essa é uma expressão que nunca foi mencionada nem no Alcorão, nem na Sunna do Profeta Mohammad, nem em nenhum livro de história islâmica. A palavra em árabe para guerra santa é outra. Essa expressão é completamente distante e alheia ao Islã. A tradução correta de Jihad é empenho e esforço – explicou Isbelle.

Isbelle reconheceu que dentro do Jihad menor existe a figura de combate, mas destacou que ela seria usada sempre em caráter defensivo, ou seja, se um muçulmano sofre uma agressão, ele teria o direito de defender-se. E ressaltou que, apesar disso, o Islã incentiva que se possa devolver uma agressão com uma boa ação, mas que nem sempre isso é possível. Ele citou casos como o de um país que invade o outro, no qual a população teria o direito de defender sua família e sua casa:

– Deus nos orienta a não iniciarmos qualquer tipo de agressão ou de hostilidade, nem violarmos os direitos das outras pessoas. Eu não posso de forma alguma iniciar um ato de violência e se fizer isso estou cometendo um pecado. O Jihad na forma de combate é somente para autodefesa e qualquer coisa contrária a isso vai contra os ensinamentos do Islã. “Combatei pela causa de Deus aqueles que vos combatem, porém não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores” (2:190).

Segundo o palestrante, o Islã antecipou, inclusive, pontos que foram tratados séculos depois na Convenção de Genebra. Entre os limites que um muçulmano deve respeitar, mesmo em uma guerra, estão: nunca matar pessoas inocentes que não estão em combate e não estão portando uma arma contra você; nunca torturar prisioneiros de guerra; nunca matar animais a não ser para se alimentar; não causar prejuízos e danos a mulheres, crianças e idosos; sempre enterrar os mortos com respeito, entre outros.

Sobre o terrorismo, Isbelle lembrou que diversos grupos de diferentes denominações já usaram a religião como justificativa para praticar o terror e citou casos como o da Ku Klux Klan que defendia a supremacia do protestantismo sobre o catolicismo e outras religiões e perseguia negros, judeus, muçulmanos e asiáticos; o atentado praticado em Oslo, em 2011, por Anders Behring, fundamentalista cristão de extrema direita; as ações do IRA na Irlanda, que promoveu um violento conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte; e o ataque de budistas contra muçulmanos em Mianmar, entre outros. Para ele isso mostra que o terrorismo não tem religião e que é preciso separar as duas coisas.

Nas ações do grupo Estado Islâmico, por exemplo, Isbelle analisou que não existe apenas a questão religiosa envolvida, mas que há um contexto geopolítico por trás. Ele frisou ainda que muito do que o Estado Islâmico pratica vai diretamente contra os preceitos do Islã e que há muitos estrangeiros aderindo ao grupo. Para explicar, o palestrante usou uma história do profeta Mohammad, na qual ele encontra pessoas que tinham queimado um formigueiro e diz a elas: “ninguém pode castigar com fogo a não ser o senhor do fogo”:

– Ele está condenando terem queimado formigas em um formigueiro. Ele falou que é proibido queimar até um inseto, quem dirá um ser humano. Então um grupo desses que aparece na mídia queimando uma pessoa viva e fala que isso é o Islã e desconhece esse dito, que é extremamente conhecido, até crianças sabem que não podem queimar, torturar ninguém com fogo… Isso é uma proibição categórica dentro do Islã.

Para encerrar, Isbelle lembrou casos que mostram muçulmanos e pessoas de outras religiões convivendo em paz e até defendendo uns aos outros, como na época da revolução no Egito, em que cristãos e muçulmanos se uniram para derrubar o ditador; os muçulmanos que fizeram um cordão ao redor de uma sinagoga na Noruega para protegê-la depois de um atentado em outra sinagoga na Europa; e os cristãos que também fizeram um cerco para que um grupo de muçulmanos pudesse rezar:

– O muçulmano quando busca ser coerente com a realidade dele, e na verdade mesmo o cristão ou a pessoa de qualquer outra religião, sempre a base vai ser amor, paz e convivência. Se existe uma religião para pregar o ódio, a guerra, o terror, o mal, para mim não merece ser colocada como religião – finalizou.

Artigo: Jesus de Nazaré como ponte entre cristãos e muçulmanos

“(…) Um porco passou por Jesus. Disse Jesus: passa em paz. Perguntaram-lhe: Espírito de Deus, como podeis dizer isso a um porco? Respondeu Jesus: eu odeio acostumar minha língua ao mal…” (apud KHALIDI, 2001, p. 133, §128). O episódio narrado acima é completamente coerente com o retrato de Jesus acalentado nos melhores momentos da história …