Tapetes de sal, flores, tecido e outros materiais para a passagem de Cristo

Nesta quinta-feira, 15 de junho, a Igreja celebra o Dia de Corpus Christi, que relembra a instituição da Eucaristia na Última Ceia. Celebrada sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, esta é uma das datas mais importantes para os católicos, que costumam enfeitar as ruas com tapetes feitos de sal e outros materiais para a passagem da procissão com a Eucaristia. Aqui na Arquidiocese do Rio de Janeiro, a festa irá começar logo cedo, às 10h, quando Dom Orani Tempesta celebra a Missa na Igreja de Sant’Ana, no Centro. Mais tarde, às 15h30m, haverá o tradicional ofício litúrgico na Igreja de Nossa Senhora da Candelária, no Centro, com a coleta de alimentos que posteriormente serão entregues a pessoas necessitadas. A procissão será logo em seguida, às 16h, saindo da Candelária até chegar a Catedral. Depois da bênção, Dom Orani preside a Missa Solene.

Há três anos, o estudante Rafael Fritz participa da confecção dos tapetes de sal para a procissão da Catedral. Atualmente, ele coordena o trabalho artesanal dos tapetes e destaca a importância desse momento eucarístico para a própria vida:

– Antes de vir trabalhar com este serviço na Igreja, eu acreditava que os tapetes eram absolutamente sem graça. Me enganei, as manifestações de fé traduzidas em arte fazem do dia de Corpus Christi uma das datas mais marcantes na minha vida – afirmou.

Segundo o Fritz, não só a Catedral como toda Arquidiocese se mobiliza nesta data a fim de organizar e enfeitar os Tapetes de Sal. “A jornada começa ainda de madrugada, às 5h da manhã todos participantes se reúnem para uma oração. Depois são ordenados de acordo com a ordem de chegada. O prazo para o término do tapete é bem curto, são apenas 7h, de 5h até às 12h”, completou.

O uso de tapetes para dar boas vindas e homenagear convidados é antigo. Trata-se de um gesto acolhedor e carinhoso, que pode até indicar a importância de quem for passar por ele, como quando um tapete vermelho é estendido. No caso dos tapetes de Corpus Christi, eles expressam a fé e o amor do povo cristão por Jesus, presente na Eucaristia, e que volta a passar pelas ruas das cidades.

Em todo o Brasil ruas são ornamentadas por milhares de fiéis que participam da preparação dos tapetes e da procissão. Em cada lugar, o tapete ganha características próprias em sua elaboração, com a escolha dos materiais, como borra de café, sal, sementes, tampinhas, materiais reciclados, papéis, serragem, flores, etc. Na cidade de Patos de Minas, por exemplo, no Triângulo Mineiro, é comum o uso do milho na extensão do tapete, pois Patos é uma das maiores produtoras do cereal no Brasil. Aqui no Rio, na matriz Santa Rosa de Lima, em Jardim América, os tapetes de sal dividirão espaço com colchas de retalho feitas pelas famílias da comunidade e cobertores. Após a celebração, eles serão doados para aquecer o inverno dos mais pobres.

A procissão de Corpus Christi teve início por volta do ano de 1200, no século XIII. No ano de 1264, o Papa Urbano IV estendeu esta solenidade para toda a igreja. Mas a primeira procissão no Rio de Janeiro só aconteceu no dia 16 de junho de 1808. Atualmente, o Código do Direito Canônico determina que o bispo diocesano providencie a procissão para “testemunhar publicamente e adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia” (Cân. 944).

Reportagem: Barbara Tenório