CATEDRAL RECEBE EXPOSIÇÃO DE CRUCIFIXOS DURANTE A QUARESMA

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”, disse Jesus, no relato do evangelista Marcos. Embora a cruz já existisse em diferentes culturas como um símbolo ou mesmo um objeto de tortura, foi após a crucificação de Cristo, a partir do século II, que ela passou a ser adotada como uma das maiores referências da fé cristã, sendo reconhecida até mesmo por cristãos de diferentes denominações religiosas. Até 25 de março, a exposição A Nossa Cruz de Cada Dia, em cartaz na Catedral Metropolitana, ajuda a contar um pouco dessa história através de quase 150 crucifixos de diferentes partes do mundo.

A mostra, organizada pelo Centro Loyola, reúne peças do acervo particular do padre José Maria Fernandes, SJ, e apresenta peças raras, como um fragmento de cruz do século XII, encontrado em escavações em Jerusalém, e uma cruz em canela preta, com uma inscrição na base indicando que ela seria datada do século XVI. Acredita-se que o crucifixo, encontrado durante uma reforma no Pateo do Collegio, tenha pertencido ao próprio São José de Anchieta, canonizado em abril do ano passado.

Segundo o padre Fernandes, que também coleciona presépios, esses são objetos que solicitam ser colecionados sem que a gente perceba: “Ninguém planeja fazer uma coleção, ela simplesmente nasce. Um dia a pessoa nota que já tem muitas peças. Foi assim com as cruzes. Algumas foram compradas, outras foram presentes, trocas, doações”.

Muitas peças foram produzidas aqui mesmo no Brasil e trazem traços da cultura regional, como uma cruz adornada com fitas coloridas, vinda de Pernambuco, e outra feita com sementes da Amazônia. Outras cruzes vieram de lugares mais distantes, como a Ilha de Pascoa, Itália, França e regiões da África. Entre elas destaca-se uma cruz em origami, vinda do Japão, e a cruz que traz uma representação inca de Cristo, vindo da Peru. “Algumas são bem elaboradas, outras são de extrema simplicidade. O que interessa é perceber a grande diversidade criativa com que são confeccionadas”, destaca padre Fernandes.

Além de diferentes materiais e culturas, há na exposição cruxifixos de modelos adotados por diferentes Igrejas, como a cruz ortodoxa grega, a cruz copta e a cruz etíope e até mesmo uma peça que simbolizada a imortalidade, da dinastia de Amon Ra, vinda do Egito.

A exposição A Nossa Cruz de Cada Dia foi montada durante a Quaresma, como um convite à oração e reflexão sobre o sacrifício de Jesus. A Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro abre diariamente, das 7h às 17h, e fica na Avenida Chile, no Centro da Cidade. A entrada é franca.