Três Visões sobre a Justiça e a Impunidade

Assaltos seguidos de assassinatos, escândalos de corrupção, violência contra menores. Enquanto os índices de criminalidade aumentam, falta punição para os culpados e fica a sensação de que não há justiça no Brasil. Para debater a questão, o Centro Loyola organizou, no dia 20 de maio, um seminário com Adolfo Borges, Procurador do Ministério Público Estadual do RJ e professor do Departamento de Direito da PUC-Rio, Marco Antônio Bonelli, também professor da PUC no setor de Cultura Religiosa, e a psicóloga Vivian Moreno. Os três discutiram os impasses e desafios do tema Justiça X Impunidade sob as óticas jurídica, teológica e psicológica.

Cerca de 50 pessoas participaram do encontro, no campus da PUC. Primeiro a falar, professor Adolfo Borges destacou que a grande questão em relação à impunidade é a falta de justiça social. Ele apontou a situação precária das cadeias e penitenciárias do país e a falta de perspectiva de recuperação para os presos, que muitas vezes, antes de chegarem ao crime, foram crianças e adolescentes desprovidos de direitos humanos básicos, como ter uma família, educação, moradia, etc: “Como ressocializar o que nunca foi socializado?”, questionou. O professor destacou também outros entraves à justiça, como a morosidade dos processos, a falta de preparo da polícia e de perícia adequada, além da desigualdade no próprio sistema judiciário que pune mais depressa os pobres do que os ricos. A solução apontada por ele foi a mobilização da sociedade para cobrar do governo mais atuação social que ajude a diminuir a criminalidade.

Em seguida, a psicóloga Vivian Moreno iniciou a sua fala a partir do preâmbulo da Constituição Federal de 1988, que traz a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. A partir daí, ela descreveu um ciclo de exclusão que gera a violência e apontou a conscientização como ponto mais importante para a promoção da justiça: “O fator que gera toda a impunidade é a falta de consciência”, avaliou.

Último a falar, o professor Marco Antônio Bonelli apresentou fundamentos teológicos para uma reflexão cristã sobre o tema. Segundo ele, a justiça é um valor presente em toda a Sagrada Escritura, desde o Antigo Testamento há deveres dos indivíduos uns para com os outros e em relação a Deus, muitas vezes apontado como juiz ou mesmo como o próprio Deus-Justiça (Sl 7). O professor explicou que, a partir do Novo Testamento, Jesus se coloca ao mesmo tempo como defensor e transgressor da lei. Ele reescreve sentido da justiça no coração das pessoas, sabe que a lei e a justiça são importantes, mas entende que é possível, em alguns casos, gerar uma situação injusta aplicando a lei. Para Bonelli, Jesus mostra que existe algo mais sagrado do que a religião e o altar, o ser humano (Mt 5, 21-25) e ressaltou: “É preciso uma profunda conversão, não necessariamente para uma religião, mas de querer o bem do outro. Sem uma experiência profunda de valor da dignidade humana, não há lei que resista”. Bonelli mostrou algumas iniciativas para recuperar pessoas que cometeram delitos, como um centro que reabilita agressores de mulheres. De acordo com ele, resgatar a dignidade humana pode ser a chave para a mudança: “Se a ideia de recuperação da dignidade humana é para ser levada a sério, o que todos nós podemos fazer para que esse cara volte à vida em sociedade?”, provocou.

Mães e Filhos reunidos para celebrar o dia delas

O Dia das Mães foi comemorado no Centro Loyola com uma Missa na Capela São José de Anchieta, celebrada pelo padre José Maria Fernandes, SJ. Durante a homilia, padre Fernandes recordou a preocupação que as mães sobre os problemas que o mundo enfrenta hoje. Segundo ele, apesar de todo o mal que vemos, é preciso manter a esperança e perceber que há muitas coisas boas ao nosso redor: “É como essa parede atrás de mim, perfeitamente pintada e limpa. Se cai um pingo de sujeira nesta parede e eu pergunto o que você está vendo, certamente você responderá sobre essa mancha, ignorando o que está bom e perfeito ao redor dela. Precisamos ver o mundo assim, para além das manchas”, explicou.

Durante a cerimônia, padre Fernandes convidou os participantes a rezarem pelas mães presentes e ausentes e por aquelas que já faleceram. Após a Missa, houve uma pequena confraternização com a mães e crianças que participaram.

Dons do Espírito Inspiram Retiro Inaciano para Jovens

Dando continuação aos retiros temáticos a partir da espiritualidade inaciana, no último dia 1 de maio, o Centro Loyola promoveu um encontro de Preparação para Pentecostes com dezessete jovens de diferentes partes do Rio de Janeiro. Durante o dia, eles vivenciaram momentos de leitura, reflexão, contemplação e partilha, nos quais rezaram os dons do Espírito Santo e puderam conhecer mais sobre a vida de Santo Inácio de Loyola e os Exercícios Espirituais.

O retiro contou com o apoio de jovens da Rede Inaciana de Oração, da CVX Amar e Servir e da Equipe dos Exercícios para os Jovens. De acordo com Rodrigo Policeno, assessor de Espiritualidade do Centro Loyola, o encontro inaugurou um novo olhar da casa para a juventude: “Queremos trabalhar a espiritualidade com os jovens e para os jovens. Além do padre Paul, foram os jovens que animaram o retiro”, destacou. A ideia, segundo ele, é abrir cada vez mais as portas da casa para a juventude realizar suas atividades.

Os Saberes e Sabores da Páscoa Judaica e da Páscoa Cristã

A festa da Páscoa no Centro Loyola trouxe mais uma edição da série Saberes e Sabores. No encontro, que reuniu cerca de 60 participantes dia 9 de abril, frei Isidoro Mazzarolo apresentou a simbologia da páscoa judaica em contraponto com a páscoa cristã, destacando os elementos mais importantes das duas tradições.

Um dos símbolos mais representativos da páscoa judaica é o cordeiro. Frei Mazzarolo explicou que este símbolo continua na páscoa cristã, porém o cordeiro agora não é mais um animal e sim a própria pessoa que se oferece a Deus: “Se Jesus se fez cordeiro, se fez oferta, o cristão tem que se fazer oferta. Aquele que faz a oferta se coloca no altar. O cristão é novo cordeiro que vai assumir sua Páscoa”.

Frei Mazzarolo também explicou que a páscoa cristã renova o sentido de passagem e libertação da páscoa judaica. Segundo ele, a páscoa cristã traz um compromisso existencial, de uma aliança que compromete o proponente à sua conversão e transformação:

– Nós fazemos memória dos fatos sim, mas quando um cristão rememora e reencena a páscoa de Jesus, olha para trás, mas reconstitui na atualidade o sentido dessa páscoa, da forma como Jesus amou o mundo. O cristão é convidado a amar como Jesus – destacou.

Após a palestra, como é proposto na série Saberes e Sabores, os participantes foram convidados a degustar alguns alimentos que fazem parte da tradição da páscoa, como as ervas amargas, o cordeiro, o charosset (um doce feito com maçãs e uvas) e pães. Todos ficaram encantados com o sabor do cordeiro e surpresos com o frescor das ervas. Por isso, compartilhamos as receitas, para quem quiser prepará-las em casa:

Mix de Ervas Amargas
Ingredientes: almeirão roxo, almeirão verde, chicória, azedinha, hortelã, agrião, rúcula, manjericão, azeite e flor de sal.
Modo de Preparo: Picar todas as ervas bem finas e deixar marinar em azeite (quantidade suficiente para umedecer todas as folhas) e sal à gosto.

Tempero para o Cordeiro:
Ingredientes: cebola ralada, sal grosso, limão siciliano e vinho tinto seco de boa qualidade. Regar a carne do cordeiro com essa mistura e deixar na geladeira de um dia para o outro, para que os sabores penetrem. Assar em forno com este caldo. A quantidade de temperos e o tempo de cozimento dependerá do tamanho do cordeiro ou das partes do cordeiro que serão assadas.

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Segundo estimativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nas comunidades do país há aproximadamente 850 mil catequistas. Destes cerca de 820 mil são mulheres. Geralmente pessoas simples, sem formação em teologia e pedagogia, que abraçam com amor a responsabilidade de educar na fé. Nesta entrevista, o padre Eduardo Calandro, que de 15 a 18 …

Nas Águas de Anchieta

Sábado, 6 de junho, às 9h. Como parte das comemorações dos 450 anos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e um ano de canonização de São José de Anchieta, Gilda Carvalho apresenta curiosidades sobre a participação política e religiosa dos jesuítas na fundação da cidade, tendo como pano de fundo a obra …